sábado, novembro 12, 2011

metamorfose

Para a minha alma eu queria uma torre como esta,
assim alta,
assim de névoa acompanhando o rio.

Estou tão longe da margem que as pessoas  passam
e as luzes se refletem na água.

E, contudo, a margem não pertence ao rio
nem o rio está em mim como a torre estaria
se eu a soubesse ter... 
                                  uma luz desce o rio
                                  gente passa e não quer saber
 que eu quero uma torre tão alta que as aves não passem
                                                       as nuvens não passem
                                                       tão alta tão alta
que a solidão possa tornar-se humana.

Metamorfose, Jorge de Sena

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