sábado, julho 16, 2011

Tocar como uma mãe tocaria um filho

“Quando chegou a Commonweal Center na Califórnia para um retiro de sete dias, Linda, atingira o limite. Após várias intervenções cirúrgicas, quimioterapia e radioterapia, sentiu que nada lhe fora poupado.

- Fui cortada, envenenada e queimada – dizia, reduzindo à expressão mais brutal os tratamentos cujas marcas eram visíveis no seu corpo. Deixara de se ver ao espelho. Com cicatrizes no lugar dos seios, pele e osso e uma tez acinzentada …

A massagem fazia parte do tratamento, mas quando chegou o momento, Linda teve dificuldade em se despir. Não estaria demasiado repulsiva para ser observada? Quem iria querer tocar-lhe?

Porém, sob a luz filtrada, com um aroma de pureza libertado por óleos essenciais, e tranquilizada pelo sorriso doce e a expressão atenta de Michelle, Linda acedeu deitar-se numa marquesa, coberta com um lençol leve e mostrando “apenas as costas”.

Primeiro, Michelle colocou-lhe as mãos sobre a cabeça e massajou-lhe levemente as têmporas e o couro cabeludo. Linda descontraiu. Pouco a pouco, recuperou a confiança suficiente para se virar e mostrar o torso. Então Michelle colocou uma mão – gentil, forte e tranquilizadora – sobre o seu coração, na cicatriz onde outrora se encontrava o seu seio esquerdo. Deixou-a ficar durante vários minutos sem a mexer, centrada e presente. Linda sentiu essa mão suave e comoveu-se. Impercetivelmente, e depois cada vez com mais intensidade, libertou um imenso soluço. Então, Linda agarrou na mão de Michelle como uma criança que não quer que a mãe se vá embora…

Michael Lerner e a Drª Rachel Naomi Remen, que co-dirigem o Commonweal Center, dão uma grande importância à massagem que integraram totalmente no seu programa.

- Tocar – explica a Drª Remen – é uma forma muito antiga de curar. Tocar como uma mãe tocaria um filho.”
 Anticancro, Um novo estilo de vida, David Servan-Screiber



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