sexta-feira, março 02, 2012

Freud e Martha

Foi numa noite de Abril de 1882, quando Martha vinha com a sua irmã Minna visitar a família Freud, que este reparou em Martha pela primeira vez. Algumas semanas depois, ao se dar conta da seriedade dos seus sentimentos, pediu-a em namoro.  

Todos os dias lhe fazia chegar uma rosa vermelha, acompanhada de um cartão em que escrevia uma citação, em espanhol, latim, alemão ou inglês. Num dos seus primeiros cumprimentos galantes comparava Martha à princesa do conto de fadas de cuja boca se escapavam pérolas e rosas.

O noivado foi marcado para dia 17 de Junho, data que seria comemorada todos os meses daí em diante. 

No entanto, Freud só voltou a ver Martha por seis vezes durante os quatro anos e meio que durou o noivado. Uma vez que Freud não tinha condições financeiras para se casar, tiveram que esperar o tempo necessário para que tal acontecesse, vivendo Martha numa pequena localidade próxima de Hamburgo, e Freud em Viena.

As 1500 cartas de Freud a Martha (com doze páginas em média) constituem uma contribuição preciosa à mais bela literatura amorosa de todos os tempos. Deste magnífico espólio destacam-se, por ordem cronológica, desde o início do noivado ao nascimento do primeiro filho, alguns excertos carismáticos.
«Não quero que me ames por qualidades que poderias atribuir-me, nem, de resto, por qualidade alguma: é preciso que me ames sem razão, como amam sem razão todos os que se amam, simplesmente porque eu te amo, e sem que tenhas de te envergonhar por causa disso.»,
 in Citações e pensamentos de Sigmund Freud (Cartas a Martha), org. de Paulo Neves da Silva
— com Mtza Pinto.


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