Foi numa noite de Abril de 1882, quando Martha vinha com a sua irmã
Minna visitar a família Freud, que este reparou em Martha pela primeira
vez. Algumas semanas depois, ao se dar conta da seriedade dos seus
sentimentos, pediu-a em namoro.
Todos os
dias lhe fazia chegar uma rosa vermelha, acompanhada de um cartão em
que escrevia uma citação, em espanhol, latim, alemão ou inglês. Num dos
seus primeiros cumprimentos galantes comparava Martha à princesa do
conto de fadas de cuja boca se escapavam pérolas e rosas.
O noivado foi
marcado para dia 17 de Junho, data que seria comemorada todos os meses
daí em diante.
No entanto, Freud só voltou a ver Martha por seis vezes
durante os quatro anos e meio que durou o noivado. Uma vez que Freud não
tinha condições financeiras para se casar, tiveram que esperar o tempo
necessário para que tal acontecesse, vivendo Martha numa pequena
localidade próxima de Hamburgo, e Freud em Viena.
As 1500 cartas de
Freud a Martha (com doze páginas em média) constituem uma contribuição
preciosa à mais bela literatura amorosa de todos os tempos. Deste
magnífico espólio destacam-se, por ordem cronológica, desde o início do
noivado ao nascimento do primeiro filho, alguns excertos carismáticos.
«Não
quero que me ames por qualidades que poderias atribuir-me, nem, de
resto, por qualidade alguma: é preciso que me ames sem razão, como amam
sem razão todos os que se amam, simplesmente porque eu te amo, e sem que
tenhas de te envergonhar por causa disso.»,
in Citações e pensamentos
de Sigmund Freud (Cartas a Martha), org. de Paulo Neves da Silva
— com Mtza Pinto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário