terça-feira, novembro 20, 2012

blue blue boat



CAIS

Para um nocturno mar partem navios,
Para um nocturno mar intenso e azul
Como um coração de medusa
Como um interior de anémona.
Naturalmente
Simplesmente
Sem destruição e sem poemas,
Para um nocturno mar roxo de peixes
Sem destruição e sem poemas
Assombrados por miríades de luzes
Para um nocturno mar vão os navios.
Vão
O seu rouco grito é de quem fica
No cais dividido e mutilado
E destruído entre poemas pasma.


SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN, in MAR NOVO 

(Guimarães Editores, 1958) in OBRA POÉTICA (Caminho, 2010)

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